Espaço aberto para a divulgação da Literatura de Cordel e afins.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

ZÉ BEBIM


Sei que Deus protege os bêbados
Também todas as crianças
Mas eu conheci um deles
Que durante suas andanças
Não contou com essa sorte
E perdeu as esperanças

Zé Bebim vivia bêbado
Por aí perambulando
Querendo sempre beber
De bar em bar ia andando
Enchendo o saco do povo
Só por pinga mendigando

O povo lhe dava pinga
Só para ver a desgraça
E de suas trapalhadas
Todo mundo achava graça
De tudo lhe acontecia
Só por causa da cachaça

Certa vez entrou no bar
Escorou-se no balcão
Mandou botar uma pinga
Com conhaque de alcatrão
Que era pra ficar esperto
Na hora da confusão

O dono lhe perguntou
Com quem era a confusão
Ele disse:- É com você
Pois veja a situação
Esta pinga eu bebi
Mas pagar não posso não

Então o dono do bar
Tacou-lhe um bofetão
E Zé Bebim, sem firmeza
Caiu bolando no chão
E conforme era previsto
Começou a confusão

Zé Bebim foi empurrado
Caindo fora do bar
Ele sentou na calçada
Esperando melhorar
E enquanto esperava
Deu vontade de urinar

Com muita dificuldade
Conseguiu se levantar
Viu um poste ali perto
E nele foi se escorar
Pra fazer o seu xixi
E a vontade aliviar

Foi então que de repente
Estatelou-se no chão
É que bem junto ao poste
Tinha um cara bem fortão
Sentindo a urina nos pés
Deu-lhe outro bofetão

Zé Bebim ficou no chão
Assim meio desmaiado
Sem saber bem o que houve
Pois de tão embriagado
Pensou consigo mesmo
“Eita que choque arretado”

Então, quando finalmente
Conseguiu se levantar
A primeira providência
Foi procurar outro bar
Angariar outra pinga
Para o sangue espalhar

Foi entrando em um bar
Estudando o ambiente
Vendo muito movimento
Ficou logo tão contente
Pois sabia que ali
Ganharia uma aguardente

Ele andou de mesa em mesa
Perturbando a freguesia
Mendigando uma cachaça
Pra acabar com a maresia
Logo apareceu alguém
Que lhe fez a cortesia

Zé Bebim ficou alegre
Com a bebida avultada
Mas o cabra da oferta
De legal não tinha nada
E aquela gentileza
Era uma arapuca armada

O plano do tal sujeito
Já estava bem bolado
Embriagar Zé Bebim
Com cachaça e traçado
E arrastá-lo de porre
Pra um lugar afastado

Assim mesmo aconteceu
Zé Bebim se embriagou
E o cabra sem demora
Para o mato lhe levou
E sem dó nem piedade
Zé Bebim ele enrabou

Zé Bebim ficou no mato
Dormindo sono profundo
Ali passou muitas horas
Sem nem dar conta do mundo
E quando acordou sentia
Uma grande dor no fundo

Depois desse episódio
Zé Bebim ficou tristonho
Só queria que aquilo
Tivesse sido um sonho
Ou bem pior do que isso
Um pesadelo medonho

Mas não era só um sonho
Era coisa bem real
E por causa da cachaça
Sofreu invasão retal
Pois bêbado não protege
Sua região anal

Mas depois de algum tempo
Esqueceu o acontecido
Pois não foi vontade sua
Nem nunca teria sido
Foi tudo só malvadeza
Daquele cabra atrevido

Pra provar que era macho
Resolveu então casar
Arrumar uma namorada
A bebida maneirar
Mas mulher que o quisesse
Era ruim de arranjar

Com muita dificuldade
A mulher ele arrumou
Diminuiu a cachaça
Do jeito que planejou
Porém deixar de beber
Ele em tempo algum deixou

Mas depois do casamento
A situação mudou
Zé bebim caiu na farra
E a bebedeira aumentou
Como não dava no couro
Um par de chifres ganhou

Por isso, caro leitor
Pelo exemplo que foi dado
Se quiser beber cachaça
É melhor tomar cuidado
Pra não lhe acontecer
O que aqui foi contado

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

A HISTÓRIA DE EUCLIDES, ANA E DILERMANO



A história aqui narrada
Aconteceu de verdade
Um triângulo de amor
Que ficou na eternidade
Pois o seu desenrolar
Foi repleto de maldade

Euclides era escritor
Engenheiro e militar
Por conta da profissão
Sempre estava a viajar
E deixava sua Ana
Tomando conta do lar

Em uma dessas viagens
Que foi muito demorada
Ana se sentindo só
Carente e abandonada
Conheceu o Dilermando
E ficou apaixonada

Era um amor impossível
Pois ela era casada
Praticar o adultério
Era coisa muito errada
Respeitava o marido
E era mulher honrada

Tinha também o seu filho
Que se chamava Quindinho
Diminutivo de Euclides
Dado com muito carinho
Que não podia sofrer
Com tamanho descaminho

Mas a força do amor
Não pode ser suplantada
A paixão ia crescendo
Sem poder ser controlada
E os dois se entregaram
A traição foi consumada
  
O romance se firmou
Todo dia se encontravam
Eram noites de amor
Que os dois sempre passavam
Pois Ana e Dilermando
Cada vez mais se amavam

Esse amor desenfreado
Tomou grande proporção
E Ana então resolveu
Pedir a separação
Revelaria a Euclides
Toda a situação

A coisa ficou mais séria
Pois Ana engravidou
Com essa situação
O caso se complicou
E de tão preocupada
Ana quase endoidou

Quando Euclides voltou
Foi grande a decepção
Ficou muito revoltado
Com aquela situação
Pois Ana em desespero
Fez toda declaração

Euclides ficou tristonho
Sem saber o que fazer
Esta nova condição
Quase o fez enlouquecer
Mas, contudo resolveu
O Casamento manter

Quando Ana deu à luz
O Filho de Dilermando
Euclides sentiu o peito
Todo se dilacerando
E um plano bem cruel
Ele foi arquitetando
  
Pra Ana sentir na pele
O preço da traição
Separou-a da criança
Até pra a amamentação
Dessa forma o menino
Morreu de inanição

Julgou que assim fazendo
Tudo estava resolvido
Dessa forma lavaria
Sua honra de marido
Ana se arrependeria
De um dia tê-lo traído

Depois desse sofrimento
Ana então se revoltou
Pros braços de Dilermando
Novamente ela voltou
E o romance entre os dois
Muito mais força ganhou
  
Euclides ficou maluco
E perdeu sua razão
Bateu mão do revolver
Saiu feito furacão
Ia matar Dilermando
Pois isso não tem perdão

Quando Euclides chegou
Na casa de Dilermando
Não deu chance pra conversa
E foi logo atirando
Deu-lhe três tiros certeiros
Que quase o iam matando

Dilermando teve sorte
E não era morredor
Também era militar
Excelente Atirador
Sacando o seu revolver
Deu um tiro matador
  
Dilermando não foi preso
E nem poderia ser
Em legítima defesa
Ele pode esclarecer
Que naquele episódio
Era matar ou morrer

Para Ana e Dilermando
Tava tudo resolvido
Agora o romance deles
Podia ser assumido
Viveriam bem felizes
Como um casal muito unido

Mas o filho de Euclides
A vingança planejava
Aquela situação
O rapaz não aceitava
E toda sua família
Para isso o incentivava
  
Ao chegar a um cartório
Onde estava Dilermando
O rapaz sacou a arma
E foi logo atirando
Pondo a vingança em prática
Como estava desejando

Mais uma vez Dilermando
Teve que se defender
Atirou para matar
Pois não tinha o que fazer
A história se repetia
Era matar ou morrer

Foi preciso muito tempo
Que é bom consolador
Para Ana e Dilermando
Superarem tanta dor
E continuarem juntos
Desfrutando desse amor


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

INVASÃO DOS APELIDOS

Muita gente escreveu
Uma relação completa
Nomeando os apelidos
Em uma lista repleta
Apelidaram demais
Nossos órgãos genitais
Que é uma parte tão secreta

Agora vou relatar
Os nomes da união
Quando os tais “apelidados”
Entram juntos em ação
Trabalhando em harmonia
Em perfeita sintonia
Cada um na sua função

Quando é com um casal
Que é bem conservador
Não se fala em fazer sexo
O certo é fazer amor
Tudo com muito jeitinho
No lençol, escondidinho
Feito com muito pudor

Quando é só por acaso
Num encontro casual
É só uma pimbadinha
Pra satisfação carnal
Não existe compromisso
E talvez seja por isso
Uma coisa tão banal

Uma vez eu escutei
E achei muito legal
Deve ser uma coisa louca
Fazer um calamengal
Foi o Xangai que falou
Na canção que ele cantou
Deve ser sensacional                 

Outros dizem simplesmente
De um jeito muito manso
Não vou cometer um crime
Só vou afogar o ganso
E depois do “crime” feito
Ficam os dois daquele jeito
Com os corpos em descanso

Tem também vamos dar uma
Ou dar uma rapidinha
A coisa tem que ser feita
De maneira apressadinha
É tudo tão de repente
Que mulher quase não sente
E fica bem frustradinha

Dizer molhar o biscoito
Não engana a ninguém
É sinônimo de coito
Todo mundo sabe bem
Fazendo analogia
Com coisa do dia a dia
Com um costume que se tem

E também rala e rola
Nheco nheco e trepada
Thaca thaca na buthaca
Ou então lapingochada
Outro termo que se viu
É amassar o bombril
Ou então uma transada

Tem o magoar o tái
Como diz o mineirinho
É uma mágoa que não dói
Se for feito com carinho
Tem até a serenata
Com a dupla mais pacata
Pescoçudo e barbudinho

Tem outra expressão mais forte
Que não quero escrever
Dizê-la abertamente
Sei que nunca vou poder
Se você é bom de rima
E com isso se anima
Sabe o que quero dizer

A expressão mais bonita
É mesmo fazer amor
Duas pessoas que se amam
Entregam-se sem pudor
E o prazer que se sente
Tem assim, intensamente
Delicioso sabor.







segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Aos fãs de Amy

É triste escrever sobre morte. Principalmente sobre a morte de alguém que nos deu tanta alegria, e marcou, com sua música, tantos momentos bons de nossa vida. Mas, infelizmente, os fatos acontecem e eu me sinto na obrigação de registrá-los.

AMY WINEHOUSE

Os seus fãs ficaram tristes
Quando o fato aconteceu
A mídia anunciava
Amy Winehouse morreu
A tragédia anunciada
Pela vida desregrada
Que a cantora viveu

Amy fez muito sucesso
Com fãs no mundo inteiro
Ela também conquistou
O público brasileiro
Pois aqui ela fez show
E todo mundo gostou
Quando veio em janeiro

Sua voz era marcante
Era excelente cantora
E também se revelou
Ótima compositora
Cantando o pop e o soul
Ela logo assinou
Contrato com gravadora

Amy ganhou cinco Grammys
Mas não pode receber
Pois aos Estados Unidos
Não pode comparecer
Sua entrada era barrada
E ela foi aconselhada
A seus prêmios esquecer

Com a fama conquistada
Talvez não soube lidar
Mergulhada em bebedeiras
Para se refugiar
Do assédio exagerado
Que o artista é obrigado
A aprender a suportar

Foi caindo em decadência
Envolvida em confusões
Brigava com todo mundo
Enfrentou até prisões
Do modo que foi vivendo
Ela ia se envolvendo
Em sérias complicações

Quando ia fazer shows
Era sempre embriagada
E cantava suas músicas
Com a letra toda errada
Quando veio ao Brasil
Para o público cuspiu
Lá de cima da sacada

Quem com Amy conviveu
Já esperava esse fim
Pois quem se entrega às drogas
Sempre termina assim
É preciso muito esforço
Sair do fundo do poço
É uma luta sem fim

Tinha vinte e sete anos
Isso chamou atenção
Outros ídolos morreram
Na mesma situação
Todos na mesma idade
No vigor da mocidade
E a droga foi a razão

Foi assim com Jimi Hendrix
Guitarrista sem igual
E também com Janis Joplin
Roqueira sensacional
Brian Jones, Robert Johnson
Kurt Cobain e Jim Morrisson
Tiveram esse final

Agora fica a saudade
Da artista idolatrada
Sua fama não será
Da memória apagada
Sua legião de fã
Será sua guardiã
Pra sempre será lembrada

O seu modo de viver
Nós vamos deixar de lado
O que vale para os fãs
É guardar o seu legado
Por tudo que ela cantou
E tanto nos encantou
Nós dizemos, obrigado.